sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Capítulo 4 - A investigação de Paul

Olá meu povo e minha pova! Espero que tenham curtido o feriadão. Super-heróis (ou aspirante a super-heróis) como a gente não tem direito a feriado prolongado. Estávamos pensando para que lugar nós iríamos viajar quando recebemos as ordens do chefinho, passadas pelos seus braços-direito através do Blog-Mãe. Como (eu acho que) vocês (talvez) viram, nossos super-poderes tiveram que ser usados pra buscar um pouco das ideias desse carequinha aí embaixo, mais conhecido pelo nome de Paul Otlet:



Então aí estão as informações coletadas e o resultado de muitas horas pensando.

Paul Otlet – uma breve introdução

Paul Marie Gislain Otlet, nascido em 23 de agosto de 1868, em Bruxelas é considerado um dos fundadores da documentação. Disciplina esta que “nasceu de um movimento surgido final do século XIX e início do século XX, na Europa, com o objetivo de encontrar alternativas para organizar a massa crescente de documentos produzidos no período” (SANTOS, 2007).

É importante salientar que em sua obra, O Traité de Documentation (1934), que se tornou um clássica da Ciência da Informação, Otlet utilizou os termos “livro ou documento” (SAGREDO; IZQUIERDO, 1983, p. 305 apud ORTEGA; LARA 2010), considerando estes como “um suporte de uma certa matéria e dimensão (...) em que se incluem signos representativos de certos dados intelectuais” (OTLET, 1996, p.43 apud ORTEGA; LARA, 2010), utilizando-se o termo livro de forma genérica.

Em 1892 houve um encontro em Bruxelas entre Paul Otlet e Henri La Fontaine onde foram “lançadas as bases para a criação do Instituto Internacional de Bibliografia (IIB) com o propósito de estabelecer a compilação internacional de informação bibliográfica registrada.” (FONSECA, 2008, p. 14). Em 1895 foi criado o Instituto (IIB), que, em 1931, passa a chamar-se Instituto Internacional de Documentação, e em 1938 Federação Internacional de Documentação (FID).

Paul Otlet e Arquicomics

Uma das possíveis aplicações das teorias de Otlet no fantástico mundo das histórias em quadrinhos diz respeito a uma de suas grandes idealizações, o Livro Universal, que poderíamos, no nosso caso, chamar de HQ Universal.

O livro universal “promoveria o mapeamento de todo o conhecimento produzido pelo homem.” (SANTOS, 2007) através da aplicação de  princípios enunciados por Otlet, que são: Principio da Monografia; Principio da Continuidade e Pluralidade da Elaboração e Principio da Multiplicação de Dados.

Para a possível aplicação destes princípios é necessário antes proceder com uma análise detalhada do livro/documento, para então aplicar o Principio da Monografia, onde “cada elemento intelectual de um livro é (depois de ser seccionado do conjunto do texto) incorporado num elemento material correspondente” (SANTOS, 2007), ou seja, extrai-se do texto informações ou conceitos relevantes e registra-se estas em fichas padronizadas, que devem constar também informações acerca do produtor e do contexto de criação do documento fonte dessas informações. Sendo necessário um esquema prévio de classificação que possibilite tanto o armazenamento quanto a recuperação destas destas informações.

Paul Otlet defende, em relação ao principio da continuidade e da pluralidade da elaboração, que “quando um livro é elaborado intelectualmente por um ou vários colaboradores, ele termina na sua última página, as fichas permitem o trabalho de um número ilimitado de pessoas e nunca é considerado uma obra acabada” (SANTOS, 2007). Nota-se que este principio é uma consequência direta do principio da monografia, pois fica claro que quando se secciona uma informação, registra-se uma parte em um outro suporte e a classifica mantendo juntos os documentos relacionados ao mesmo assunto, estes irão formar um conjunto/livro sem fim, pois sempre estará suscetível a novas incorporações.

Já o principio da multiplicação de dados preconiza que “para que figurem os diversos dados nas diversas ordens de classificação (por exemplo, as ordens ideológicas, geográficas, cronológicas, etc.) multiplicam-se as fichas dos mesmos” (SANTOS, 2007).

Levando-se em conta todo o valor social que as histórias em quadrinhos possuem, desde o seu uso como instrumento de incentivo a leitura, seu uso como ferramenta didática, ou seu valor enquanto representação simbólica de uma realidade, e visto que existem possíveis usuários destas informações contidas em HQ’s, que pode ir desde o pesquisador interessado na análise do desenvolvimento histórico dos (super) heróis em comparação com as mudanças sociais ocorridas na época ao desenhista em busca de inspiração, concluímos ser válida e viável a utilização dos 3 princípios propostos por Otlet na construção de uma “HQ Universal”, mesmo que modificados devido ao uso de modernas tecnologias de armazenamento e recuperação de informações.

A aplicação do principio da monografia pode ser feita com o auxílio de bases de dados digitais. Partindo-se da análise da HQ, obtém-se desta informações relevantes (e que estejam contempladas num esquema prévio de classificação), tais como dados do personagem principal, contexto histórico-temporal em que se desenvolve a trama, etc.

O principio da continuidade e da pluralidade da elaboração continua válido, mesmo não sendo representando explicitamente na ordenação física dos suportes, mas essa representação pode, e deve, estar presente de forma lógica em uma base de dados.

O principio da multiplicação os dados foi, provavelmente, o que mais tenha sofrido alterações, pois atualmente é possível o próprio usuário determinar, no momento em que realiza a busca, quais critérios utilizar na seleção dos resultados, através de filtros de pesquisa. É importante salientar que o principio da multiplicação não foi suprimido, e sim automatizado.

Uma limitação (ou cuidado a ser tomado) na conjunção da Arquivologia com a Ciência da Informação, tentando exemplificar tal problema com um exemplo prático relacionado ao tema específico do próprio blog.

Levando-se em conta a possível aplicação dos princípios defendidos por Otlet na criação de uma HQ Universal, e que para que tal obra se realizar é necessário, como dito antes, a existencia de um esquema/plano prévio de  classificação capaz de abarcar as categorias de assuntos existentes, acreditamos ser necessário frisar as diferenças entre este tipo de plano de classificação e o plano de classificação arquivística que a empresa/editora criadora das HQ's deve possuir. 

A classificação proposta por Otlet diz respeito aos assuntos tratados em cada unidade informacional (fichas ou dados em uma base digital), sendo recomendado, para se evitar a dispersão da informação, o uso da Classificação Decimal Universal – CDU, o que ofereceria ao usuário “várias possibilidades de acesso às informações, já que o discurso, fragmentado e tratado pelas tabelas do CDU, poderia ser recontextualizado pelo pesquisador.” (SANTOS, 2007)

Storyboard da HQ do Scott Pilgrim
Porém, em relação ao plano de classificação arquivística deve-se evitar a utilização de classificadores relacionados aos assuntos tratado no documento, já que o fundamental é analisar é representar, de forma lógica e estruturada, tanto o funcionamento/estrutura da organização quanto as atividades que deram origem as séries documentais a serem classificadas. Para exemplificar essa diferenciação podemos analisar um Storyboard, que pode consistir em gráficos tais como uma série de ilustrações ou imagens arranjadas em sequência com o propósito de pré-visualizar um filme, animação ou gráfico animado, que, de acordo com a CDU, iria ser classificada de acordo com o tema da história (pré) desenvolvida no storyboard, porém ao analisarmos arquivisticamente esse documento observamos que este é o resultado de uma atividade de criação/desenvolvimento de novos produtos, que por sua vez está relacionada a atividade-fim da editora/produtora de HQ's, relações orgânicas estas que devem estar espelhadas no plano de classificação. 

Por fim é importante salientar que a utilização da CDU na classificação das unidades informacionais relativas à HQ Universal é feito com o intuito de facilitar a busca, recuperação e difusão destas informações, não sendo necessariamente utilizado para a devida  organização das unidades informacionais originárias.

Referências Bibliográficas

FONSECA, Maria Odila. Arquivologia e Ciência da Informação. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2005.

ORTEGA, Cristina Dotta; LARA, Maria Lopez Ginez de. A noção de documento: de Otlet aos dias de hoje. DataGramaZero - Revista da Ciência da Informação, Rio de Janeiro, v. 11, n. 2, abr. 2010. Disponível em: <http://www.dgz.org.br/abr10/Art_03.htm> Acesso em: 03 novembro 2010.

SANTOS, Paola de Marco Lopes dos. Paul Otlet: Um pioneiro da organização das redes mundiais de tratamento e difusão da informação registrada. Revista Ciência da Informação, Brasília, v. 36, n. 2, set. 2009. Disponível em: <http://revista.ibict.br/index.php/ciinf/article/viewArticle/971> Acesso em: 03 novembro 2010.

*****************************  Fim  *************************************

Antes de irmos embora vamos deixar uma enquete meia boca aqui pra vocês.

Sobre qual assunto vocês querem que a gente fale em um próximo capítulo?
a) A jornada do herói e as HQ's
b) Mangá x Comics

Por favor! Votem postando seu comentário até terça-feira.
Por enquanto é só pessoal!

4 comentários:

  1. Eu gostaria que vocês falassem sobre a jornada do herói e as HQ's, mangá ninguém merece né.....wanderson, não faça essa cara, eu sei que vcs falarão disso mais cedo ou mais tarde...hauhaiuhaiua

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  2. O assunto mangá X comics seria só as diferentas, vantagens e desvantagens de cada um...
    kkk
    mas tá aí um voto pra "A Jornada do Herói"

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  3. Manga X Cajá-Mangá

    kkkkkkkkkkkkkkkk

    Bom seria:

    A Jornada do Herói

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  4. Saudações Caninas Arqcomics!

    É com grande SatisfaCÃO que estamos aqui para anunciar o nosso novo blog o : AUrquivo Bom pra Cachorro!

    http://aurquivobompracachorro.blogspot.com

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